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Apertem os cintos, o funcionário sumiu

E poderíamos dizer que o chefe também. Em recente estudo (maio 2007) sobre “Comunicação Empresarial para criar Vantagem Competitiva”, o IDC publicou um quadro assustador de tendências. Nesse estudo o IDC entrevistou cem grandes empresas americanas, as quais opinaram da seguinte forma:

  • 62% acreditam que aumentará dramaticamente o número de funcionários fazendo home office nos próximos anos.
  •  40% acreditam que os times virtuais aumentarão gradual e rapidamente.

A leitura subjacente dessas estatísticas é que o mundo corporativo americano estará dependendo totalmente de comunicação massiva e eficaz para manter (e aumentar) sua competitividade em negócios. Paradoxalmente, o mesmo estudo mostra que os executivos colocam a eficácia atual da comunicação empresarial em cheque. Isso até certo ponto é compreensível, uma vez que apenas a infra de telecom não traz conteúdo embarcado, não promove colaboração no ecossistema e nem atrai novos clientes.

O resumo da ópera é que o mundo corporativo está diante de um desafio premente: aumentar dramaticamente o conteúdo e a eficácia da comunicação para fazer frente à tendência irreversível da virtualização das equipes de trabalho.

Será que isso é mesmo uma tendência, ou apenas um modismo passageiro? Pensando no assunto, eu fiz uma pequena análise que gostaria de compartilhar com todos vocês. Que razões estariam por trás do fenômeno do home office e da virtualização dos times de trabalho?

Antes de qualquer consideração, vamos acordar a tendência irreversível de que as grandes indústrias, provedoras de quaisquer tecnologias no mundo industrializado, tendem a se transformar em empresas de serviço. Com os produtos virando commodities, a única forma de se distinguir dos concorrentes é através do valor agregado pelas camadas de serviços, até que um belo dia a empresa conclui que se transformou numa empresa de serviços (vide o caso clássico da IBM). Isso posto, nos perguntamos: qual o fator competitivo mais crítico para as empresas de serviço? Sem dúvida é a proximidade dos times em relação a seus clientes. Seja o profissional um vendedor, ou um consultor, trabalhe ele em manutenção, ou em assessoria de imprensa, estar próximo, ou desejavelmente dentro da casa do cliente, é fator crítico de sucesso. A onda da terceirização faz com que os funcionários prestadores de serviços tenham uma mesa e um ramal telefônico dentro dos escritórios de seus clientes. Fazendo um parênteses, esse fator cria um outro desafio para as empresas de serviços, qual seja a perda de identidade corporativa dos funcionários que trabalham alocados dentro de seus clientes. Mas isso já é uma outra história.

O segundo fato importante é o enorme e crescente custo de cada posto de trabalho. Espaço físico nos escritórios, mobiliário, salas de reunião, vagas de estacionamento, custo do transporte e hospedagem, telecomunicações, equipamentos, alimentação, assistência social, entre outros, fazem com que o salário nominal seja multiplicado por um fator maior do que dois para representar o custo final de “propriedade” de um funcionário. Quando o cliente, por sua conveniência, oferece um posto de trabalho (às suas expensas), ou quando o próprio funcionário se dispõe ele próprio a bancar o seu custo de hospedagem no trabalho, é hora da empresa pensar cuidadosamente nos prós e contras dos times virtuais, já sabendo que não lhe restará muitas alternativas.

Um outro aspecto que reforça a tendência dos chamados “funcionários virtuais” é o desenvolvimento de projetos colaborativos (hoje um carro, um avião, ou um computador são desenvolvidos a múltiplas mãos, ou cabeças, entre o chamado empreendedor e seus parceiros de negócios). Um bom exemplo é um avião da Embraer. Definidas as bases conceituais do projeto, o desenvolvimento das partes é feito concomitantemente em diversos locais ao redor do globo. Isso requer da Embraer “exportar” funcionários para trabalharem integrados aos times dos parceiros pela duração do projeto. De novo, temos alguém de nossa empresa operando remotamente em relação à sua base.

Pois bem, qual a maior implicação do afastamento dos colaboradores do escritório da empresa? Times virtuais, globalmente distribuídos, terão que se interligar com a base de operações de maneira perfeita. A mesma importância que as telecomunicações têm para a NASA, em relação à integridade física de seus astronautas, terá para as empresas descentralizadas. As chamadas empresas de segunda geração (ou 2.0, como a mídia já as define), serão empresas onde coisas como voz sobre IP, bandas “larguíssimas”, internet marketing, treinamento à distância, comunicação multi-canal (internet, telefone, celular, smart phone), redes wireless, entre outras derivações da comunicação de negócios, se tornarão fatores críticos de sucesso.

Conclusão: os investimentos mais pesados das próximas décadas serão feitos em telecomunicações, sobre múltiplos meios, e através de múltiplos canais de contato. E, como o investimento em telecom é de maturação lenta, as empresas líderes do ano 2020 estão se formando hoje. Da mesma forma, os grandes perdedores também.

agosto 10, 2007 - Posted by | Comunicação, corporativo, Informação, Inovação, Midia Social, Negócios, RMA, web 2.0

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